sábado, 28 de novembro de 2009

O Turista Acidental ou Um Sonho a Menos


Apesar de ainda não estar certa sobre os reais motivos que me fizeram mudar tão drasticamente de ideia,desistir da medicina e fazer jornalismo, sempre que tentava me imaginar "versão jornalista" no futuro, visualiva uma menina descolada de mochila e câmera, ou uma super bem vestida de salto e maquiagem ou uma médica escrevendo no jornal.Eram sempre os mesmo assuntos :turismo, moda ,literatura,cinema e ciência.
Após quatro períodos,continuo achando que não seria capaz de escrever sobre nada além disso, e talvez nem sobre isso.
O livro da norte-americana Anne Tyler me fez pensar se eu realmente serviria para escrever em qualquer publicação sobre turismo.A capa da minha edição é tão atraente que tenho quase certeza só ter comprado o livro por ela e pelo preço camarada típico dos sebos empoeirados que sempre salvam a minha pele.
O Turista Acidental, começa narrando a separação de Sarah e Macon de uma maneira tão corriqueira que chega a ser cruel.Os dois começam uma retrospectiva durante uma viagem de carro chuvosa. Relembram a morte do filho, o relacionamento acomodado, as perdas e ganhos de cada um com tanto tempo de relação e acabam por aceitar de vez a separação.
A partir daí,a narrativa se concentra na triste vida solitária de Macon, um "jornalista" especializado em revistas de turismo.Ele é o cara que tem o emprego dos meus sonhos!Recebe para viajar o mundo todo, ficar em bons hotéis, comer de graça em todos os cantos das cidades e conhecer absolutamente todos os pontos turísticos e até mesmo aqueles lugares escondidinhos que só os nativos conhecem bem. O mais engraçado é que ele reage a tudo isso da mesma maneira que eu reajo aos trabalhos chatos da faculdade: com total indiferença!
O livro não é do tipo que muda a vida de ninguém, mas me fez pensar se o sujeito era só do tipo sem sal, que vive no piloto automático e era tão dependente da antiga estrutura de casamento e rotina que não suportou a mudança drástica ou se realmente não existe nada demais em ser escritor de guias turísticos.
Agora é uma coisa a menos para querer, não consigo nem me imaginar triste daquele jeito, falando da comida de Londres ou dos bares de Viena como quem fala do tempo.Ele não tem uma câmera super legal, não é simpático e divertido, não fala mil línguas ou sabe mil coisas sobre mil culturas.Então eu vou fazer outra coisa para poder ter a minha máquina super legal e sair sorridente pelo mundo, não mais com uma mochila, agora versão mala de rodinha,daquela enorme cheia de zíper e cadeado.