sábado, 24 de abril de 2010

Procurando Wonderland


Eu não acho o Tim Burton enorme coisa, mas em dobradinha com o Depp fica mais interessante. Fato! Eu gosto mesmo é da Alice. Primeiro filme da Disney que vi, nossa, como vi. Pobres pais desesperados, se na época os teletubbies não existiam, eu fazia da Alice o meu "de novo, de novo!". Quando soube que o diretor famoso e o pirata do caribe estavam na reeegravação de "Alice no País das Maravilhas" decidi assistir sem levar isso em consideração. Foi melhor assim, já que ignorando o fato ainda posso ter os dois em alta conta.

Depois da animação da Disney logo que aprendi a ler ganhei o livro. Li quase tanto quanto vi o filme. Até que ambos sumiram (ou foram sumidos) e eu só voltei a ver com minha irmãzinha na televisão e a comprar outro exemplar quando saiu a versão pocket da LP&M . Aliás, capa bonita e tradução caprichada, do tipo que salva o dia por menos de 15 reais.

Acho que muita gente, assim como eu, tem uma ligação forte com a história, faz lembrar a infância e teve toda a publicidade. Aliás, se tem uma coisa que fizeram direito foi a publicidade. Esperei muito pelo filme, o que não costumo fazer. Sempre procuro não ler nada antes e ir sem expectativas só para ter aquela sensação maravilhosa de surpresa quando os créditos sobem a tela.Pena que a surpresa pode ser positiva ou negativa. Dessa vez a imparcialidade "filminolística", digo,jornalística, foi impossível. Afinal de contas que espécie de ser humano consegue não esperar nada de um filme que foi o favorito por tantos anos?

A presença do namorado e sua paciência ilimitada (só com muita paciência para aguentar fila gigante, calor, fãs exaltados e horário maluco ) ter encontrado ingresso para a pré-estreia, 3D e sessão legendada, foram indícios muito fortes de que tudo estava tão perfeito que era hora de desconfiar. Na fila, com copinho (lindíssimo) do filme, pipoca enorme e achando o máximo passear pelo shopping todo escuro e com as lojas fechadas ( o filme começou excepcionalmente às 00:01, por questões legais de estreia nacional e tal.) a única criatura no mundo que convida a namorada para assistir a um filme que ele mesmo não quer ver, tentava me explicar porque não estava tão eufórico quanto eu e os outros 215 pagantes. A primeira justificativa é que a Alice grande já começava estragando tudo. A segunda é que o excesso de efeitos especiais era arriscado demais. Ignorei os palpites, segurei o copinho e a mão dele com mais força. Faltava tão pouco.

Infelizmente além de namorado a pessoa querida também poderia ser um crítico de cinema ou vidente. A "Alice grande" realmente não me convenceu. Ou eu gostava muito dela em cenas bem feitas com atuação digna da gente grande com quem contracenou , ou ela aparecia em determinadas sequências tão sem sal quanto água rala de chuchu. Roteiro misto, contendo partes de mais de um livro e inúmeras inserções de procedência desconhecida são muito comuns,e eu até acho válido, mas juro que o super monstro importantíssimo para o desenrolar da trama não existe em “Alice no País das Maravilhas” e muito menos em “Alice no Fundo do Espelho”. O tal 3D é realmente mágico, mas o filme quase não explora o recurso, fazendo com que o momento da queda no buraco, logo no início do filme, seja o momento mais empolgante. Mas talvez o que tenha me deixado tão decepcionada foram mesmo os tais efeitos. Misturar “gente” com “quase-animação” não pode dar certo. Parecia coisa de “Pequenos Espiões” (Banderas que me perdoe, mas pior não pode existir) quando na verdade eu queria alguma coisa como “ A Fantástica Fábrica de Chocolate”.

A pergunta que todo mundo faz quando digo que assiti o filme : Johnny Depp estava mesmo fantástico de chapeleiro maluco? Sim, ele contribui para que o filme não seja um fracasso, coisa que a Anne Hathaway não faz. A grande verdade é que ele e o Gato de Chesire, a lagarta Absolom , a rainha vermelha (Helena Bonham Carter) e uma ratinha simpática que já nem lembro o nome , conseguiram me arrancar uns sorrisos amarelados. E foi só. Continuo preferindo a animação de 1951. Vale o ingresso, mas não sei se merece a publicidade. Não deu nem vontade de continuar no cinema depois que a luz acendeu.